Segundo e último bloco com as poesias que fizeram parte da Exposição Marcas, em homenagem ao Mês da Mulher, no Shopping Iguatemi, em Porto Alegre (março/2009). A iniciativa foi do Instituto de Prevenção do Câncer de Colo do Útero (Incolo) e teve a parceria da AJORSUL.
O abandono e a fuga
o laço e o amasso
tudo e todos
meus partos
meus nascimentos
meus orgasmos
as perdas
de perto e de longe
o entusiasmo e o fracasso
os crimes ao acaso
ou premeditados
os lapsos.
Aceito o tempo e as marcas
mas essa longa estrada
ainda encabula
e enche de medos.
E assim me repito
inspirada em meus gritos.
***
O segredo de não ter marcas
é manter a distância.
Ninguém chega perto
e o livro fica em branco.
***
Marcas de amores
de travessuras
de homenagens
de aventuras.
Marcas do doce
do amargo
do ácido
do flácido
do cômico e do trágico.
Marcas do estrago
do conserto
do rompimento
do remendo
da queda
da salvação.
Do tentar, do não dar
do jamais arrepender.
***
As cicatrizes não mentem
sobre meus equívocos
ou acidentes.
*****
E quando um dia eu morrer
e as marcas em mim se apagarem
que fiquem elas no viver
de quem amei
de quem me amou
de quem a mim marcou.
Porque, sim, as marcas
algumas delas
não se vão,
perpetuam-se, belas.