Ultrapassagens pela direita, velocidade de passeio na pista rápida, invasão de pista ignorando o retrovisor e barbeiragens gerais. O que não falta por aí são os motoristas que dirigem como se estivessem em uma calma cidade do interior ou como se o trânsito fosse o mesmo de dez anos atrás. Mesmo assim, quando aparece a proposta de reciclagem para os motoristas, ouve-se gritos de todo lado. Pouca gente aceita a ideia de que precisa de um novo treino, mesmo com larga experiência ao volante.
Reciclagem, aliás, normalmente está acompanhada de uma certa resistência. Parece desnecessária, uma perda de tempo enquanto temos tantas outras coisas para fazer e aprender. Não é só com o assunto trânsito onde a legislação básica pode ser a mesma. Mas os carros estão a cada ano mais modernos, oferecem recursos que até atrapalham quem não se liga tanto em tecnologia. Cada novo modelo ganha sempre algum detalhe extra.
É preciso reciclar, sim. Olhar as coisas por outro ângulo, ouvir novas opiniões a respeito daquilo que consideramos verdades irrefutáveis. Sair do meio que confortavelmente nos acomoda no cotidiano. Ouvir gente nova, de outras áreas, outras tribos. Vem daí minha admiração pelas equipes que conseguem mesclar gente experiente com novatos. Os jovens reciclam o ambiente com aquele gás natural da idade e com as inevitáveis novidades que trazem consigo. A turma mais antiga acrescenta conteúdo e vivências. Ambos merecem ser ouvidos. Essa troca só faz bem.
É sempre gratificante conviver com gente que acompanha a evolução do mundo. Que respeita os próprios princípios e convicções, mas não se enclausura nem vive como se o planeta não estivesse em constante movimento. Que sejamos mutantes, abertos ao novo, acessíveis.
Atualização é indispensável quando o processo das coisas é tão veloz. Ninguém precisa ser especialista nas novas tecnologias, mas sempre é importante saber o que está acontecendo. Para não parecer um dinossauro na era do concreto.